sexta-feira, 24 de maio de 2013

GERAÇÃO DE SAUL

Muito longe de estarmos vivendo na "Geração de Davi", estamos vivendo a "Geração de Saul".

Embora Davi tenha sido um rei sanguinário (o próprio Deus afirmou isso, e não permitiu que ele edificasse o templo por esta causa!) e tenha cometido pecados terríveis, como adultério e assassinato, ele era um homem propenso a reconhecer seus erros, arrepender-se genuinamente deles e aceitar resignado as consequências de seus atos. E por estas razões, foi chamado "homem segundo o coração de Deus".

Saul era o oposto disso. Por ocasião da execução da ordem divina para ele destruir Amaleque podemos observar isto. E é nesta ocasião aonde ele, Saul, mostra os pontos mais fracos e negativos de seu reinado, perfeitamente aplicáveis a muitos "pastores" de nossa geração. Quando confrontado por Samuel, ele finalmente reconhece:

"Então disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto TENHO TRASPASSADO O DITO DO SENHOR e as tuas palavras; porque TEMI O POVO, E DEI OUVIDOS À SUA VOZ" (1 Sm 15:24 -  grifos meus).

Dois grandes e gravíssimos pecados de Saul são repetidos diuturnamente por "pastores" e "líderes" da Igreja da Geração de Saul, em nossos dias:

1. TRASPASSAR O DITO DO SENHOR - Aquilo que Deus fala, mormente o que está registrado nas Escrituras, ÚNICA regra de fé e prática do crente e da Igreja, não está escrito para ser traspassado, ou ultrapassado. O PRIMEIRO PECADO da humanidade, no Éden,foi exatamente traspassar e ultrapassar as palavras que Deus tinha dito ao primeiro casal. Satanás conseguiu com que o homem comesse do fruto proibido fazendo Adão e Eva traspassarem o que lhes fora dito (Gn 3:1-6). Paulo ensinou aos coríntios que eles não deveriam ULTRAPASSAR o que estava escrito (1 Co 4:6). Saul cometeu seu primeiro erro ao ir além das palavras de Deus, ao achar que Ele, em troca de sacrifícios e troféus de guerra aceitaria a desobediência à Sua Palavra.

2. TEMER AO POVO E DAR-LHES OUVIDOS - O homem tem sede de seguidores! E para manter estes seguidores, o melhor caminho é ser bastante maleável e ceder a seus apelos e vontades. O mesmo se aplica ao ministério pastoral, que deve ser pautado pela vontade de Deus, e nunca pelo querer do povo! Saul preferiu não perder o povo, agradando-o e desagradando a Deus com a desobediência. Jesus, por sua vez, em um duro discurso preferiu dizer a dura verdade e perder milhares de seguidores (ficaram apenas os doze apóstolos!) do que agradar a maioria e abrir mão da verdade (Jo 6). Nos dias de hoje, como nos dias de Saul, abre-se mão da doutrina sã e verdadeira para ceder à vontade do povo. Querem "movimentos" na Igreja? Às favas para o que a Bíblia diz; façamos a vontade da maioria! Querem autoajuda, prosperidade? Deixem a Bíblia pra lá-- afinal,é obsoleta! -- e façamos o que o povo quer! Sejamos democráticos dentro da Igreja,pois isto mantém o rebanho e preserva as entradas financeiras à "casa do tesouro"!!

NÃO SOMOS GERAÇÃO DE DAVI. Somos Geração de Saul. Geração Laodiceia, conforme  descrito em Ap 3:14-22, uma igreja que se acha rica, mas que na verdade é pobre, miserável, cega e nua!

A Igreja, capitaneada pelos "pastores" que Deus pôs para conduzir o rebanho de acordo com o que Está Escrito, tem se afastado cada dia mais das ordens deixadas pelo Senhor, e feito suas próprias vontades, ou as vontades do povo! Sinceramente, ISTO NÃO VAI ACABAR BEM!!

Desculpem os que acham que temos que ser condescendentes com a vontade do povo. Só serei condescendente naquilo que a Escritura me permite ser. A sã doutrina é INEGOCIÁVEL! Nenhuma benesse, quer financeira, quer de status e poder, deve me afastar do alvo! Prefiro ser "capitão de cinquenta" conduzindo estes cinquenta de conformidade com a "lâmpada para os pés e luz para o caminho", do que "capitão de mil" afastando-os das Escrituras, conduzindo-os, como um guia cego, para o buraco.

Naquele Dia (Mt 7:21-23) saberemos se eu estou certo, ou não!

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O CRENTE DEVE -- ISSO MESMO: DEVE!! -- BUSCAR A SAÚDE PERFEITA!!

Há uma vertente pentecostal (e também neopentecostal) que dá ênfase à cura divina, e evidentemente muitas pessoas buscam homens e mulheres de Deus que supostamente detêm dons de cura. Acusados de curandeirismo e charlatanismo, muitos destes "obreiros" são questionados, e as pessoas que os buscam orientadas a não darem valor à busca da cura.

Entendemos, entretanto, que a busca da cura é de extrema, vital, importância nos dias de hoje!! Sou pentecostal, e creio na cura divina (isso até os Reformados Tradicionais creem!). Como não-cessacionista, creio ainda no dom espiritual de cura. Não critico os que buscam cura para suas doenças (só quem tem uma doença crônica sabe a dor e o sofrimento que isto causa); critico, isto sim, e veementemente, os que buscam apenas a cura para si próprios, e se esquecem de outras curas, creio eu que MAIS IMPORTANTES!


Por quatro vezes, na Escritura, Paulo apóstolo cita a expressão "sã doutrina", que significa "doutrina sadia" (do grego 'higiainô', sadio, sem doença -- coincidentemente [??] a raiz da nossa palavra 'higiene'): 

"Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à SÃ DOUTRINA, conforme o evangelho da glória do Deus bem-aventurado que me foi confiado" (1 Tm 1:9-11) 

"Porque virá tempo em que não suportarão a SÃ DOUTRINA; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2 Tm 4:3-4) 

"[o bispo deve] reter firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a SÃ DOUTRINA, como para convencer os contradizentes" (Tt 1:9) 

"Tu, porém, fala o que convém à SÃ DOUTRINA" (Tt 2:1) 

Evidentemente, se é citada uma doutrina sadia, subentende-se a existência de uma doutrina doente! E isto é um fato: a doutrina em nossos dias se encontra doente, raquítica, depauperada, esfacelada, em estado terminal! E não há outra forma de se tratar algo que esteja doente, senão através de TRATAMENTO objetivando a CURA. 

É uma pena que os "crentes" de hoje não se incomodem mais com a saúde da doutrina! Incomodam-se com a SUA PRÓPRIA SAÚDE, buscam "ungidos" que lhe curem através do "poder de Deus", chegam a dar ofertas objetivando (direta ou indiretamente) "comprar" a cura, mas esquecem-se de buscar cura também para a doutrina. Não sabem eles que a doutrina doente CONTAMINA, FAZ ADOECER não uma pessoa, mas toda a Igreja do Senhor. 

Em suas epístolas, Paulo menciona muitas vezes até nominalmente as pessoas que promoviam a doença da doutrina, e prescreve o tratamento adequado. Escrevendo a Tito, ele orienta: "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, AOS QUAIS CONVÉM TAPAR A BOCA, homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância" (Tt 1:9-11). 

Contudo, o "não toqueis os meus ungidos" e o "não julgueis", ambos fora de seu contexto e significado, transformam esta geração de crentes em uma geração de COVARDES, incapazes de defender a doutrina que nos foi entregue de uma vez por todas (Jd 2). E o que se pode esperar de uma geração que não tem apego às Escrituras, que tem uma sede insaciável de riquezas e outras coisas pessoais, que prefere buscar seus próprios interesses a buscar o interesse de Deus?? 

Na criação, Deus deixou com o homem a incumbência de cuidar do jardim do Éden e guardá-lo (Gn 2:15). O homem falhou em sua missão. Desde Cristo, foi dada à Igreja a sã doutrina, para ser igualmente preservada e guardada. Parece que nada mudou!! A falha persiste, e em proporções muito maiores! 

Sugiro que comecemos a buscar insistentemente a cura!! Comecemos pelos males dos ouvidos!! Algum otorrino de plantão por aí??

"Porque virá tempo em que não suportarão a SÃ DOUTRINA; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores, conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas" (2 Tm 4:3-4)


sexta-feira, 3 de maio de 2013

PREGANDO O EVANGELHO ― QUAL DELES?


A ordem de Jesus para que todos os seus discípulos preguem o Evangelho é imperativa e inegociável. Textos registrados de sua comissão, como “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16:15) e ...ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mt 28:19-20) deixam claro não somente Sua ordem, mas também o teor da mensagem que deverá ser pregada. A mensagem tem que ser as coisas que o próprio Cristo ensinou. Entretanto, mais uma vez estão tentando justificar a pregação de qualquer evangelho, buscando calar qualquer oposição aos falsos evangelhos. Agora estão usando a Bíblia, as palavras do apóstolo Paulo, alegando-se que ele afirmou que o importante é pregar a Cristo, que de uma forma ou de outra o nome de Cristo está sendo propagado, e não importa como isso está sendo feito...

Será mesmo? Vamos então analisar o texto em questão e tentar esclarecer mais esta falácia:

E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; De maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestadas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares, E muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor. Verdade é que, também, alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros de boamente; Uns por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho, Mas outros, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas, que importa? contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda.” (Fp 1:12-18 – grifos meus).

O Evangelho é uma mensagem que tem compromisso absoluto com a verdade. O verdadeiro Evangelho está intimamente associado com o que Jesus ensinou, e não com o que os seus pregadores acham conveniente. Não basta apenas pregar Jesus, mas igualmente e obrigatoriamente ensinar a guardar as coisas que Ele mandou (Mt 28:20). Fazer a primeira coisa dissociando-a da segunda transforma a pregação do Evangelho em uma mera pregação hipócrita! Ora, de que adianta convencer um pagão que Jesus Cristo é o Senhor, “ganhar sua alma” e em seguida ensiná-lo a adorar ídolos, ou a desobedecer a Palavra de Deus?

O próprio Senhor ensinou que não adianta ganhar alguém para o Reino e desencaminha-lo na doutrina. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra, para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno, duas vezes mais do que vós” (Mt 23:15). Tão importante quanto trazer alguém ao caminho da salvação é ensiná-lo acerca do Caminho, para que o neófito não se desvie.

Neste aspecto, bem afirmou Jesus: “Pode porventura o cego guiar o cego? Não cairão ambos na cova? O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre” (Lc 6:39-40). Eis um problema: os homens não querem ser IGUAIS ao Mestre, mas superiores, criando normas, doutrinas e condutas que nada têm a ver com Seus ensinamentos. Pregam “evangelhos” dissociados da verdade e comprometidos com suas visões e revelações deturpadas, ensinando falsas doutrinas aos seus seguidores. Assim, tornam-se cegos guiando cegos; pregam o nome de Cristo, mas desfazem sua pregação ao ensinar o caminho errado aos novos convertidos. Seu fim é óbvio, e previsto pelo próprio Senhor Jesus: entrarão em perdição, e levarão após si todos aqueles que seguirem seus ensinamentos errados. Honram a Deus com os lábios, mas se afastam dEle e da Sua Palavra com as ações, pois valorizam mais suas próprias doutrinas que a pura Palavra de Deus (Mt 15:1-9)!

Se o que vale é pregar o Evangelho, mesmo que deturpado, pois assim o nome de Jesus está sendo pregado, então por que criticar e combater católicos, espíritas, testemunhas de Jeová, mórmons e outras seitas? Eles inegavelmente também pregam a Cristo e ganham almas supostamente para Ele. Fazem MUITO MAIS obras sociais que nós! Muitos se convertem em seus arraiais, e confessam a Cristo. Em seguida, eles ensinam aos convertidos a andarem baseados em muitas doutrinas erradas, antibíblicas e até anticristãs! Podemos citar incontáveis casos de pessoas que conheceram a Cristo através das seitas citadas acima, que modificaram suas vidas, tornando-se inegavelmente pessoas transformadas. Nem mesmo os mais ferrenhos opositores destas seitas podem negar que [1] Eles pregam Cristo e [2] sua pregação transforma vidas. Podemos então concordar com suas pregações, e compreender que, já que estão pregando Cristo, devemos aceita-los, assim como a seus erros, e deixá-los em paz?

O problema do texto encontrado na epístola aos filipenses, que PARECE concordar com a pregação de qualquer evangelho, desde que Cristo seja pregado, é que interpretado desta forma fere a UNIDADE DA BÍBLIA e a sua impossibilidade de contradizer-se. Esta unidade bíblica está terrivelmente comprometida e abalada quando comparamos o texto usado com outro texto bíblico, oriundo da mesma pena de Paulo, que afirma:

Maravilho-me de que, tão depressa, passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para OUTRO EVANGELHO; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie OUTRO EVANGELHO, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo, também, vo-lo digo. Se alguém vos anunciar OUTRO EVANGELHO, além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:6-10 – grifos meus).

Desde os meus primeiros dias na fé cristã aprendi acerca da inerrância bíblica e da impossibilidade de contradição do texto sagrado. Nos casos onde a mesma aparentasse qualquer contradição, se fazia necessário esclarecer tudo considerando a unidade da Escritura. Como é possível, então, conciliar dois textos tão antagônicos, aonde Paulo elogia que se pregue DE TODA MANEIRA, e depois anatematiza o OUTRO EVANGELHO e quem o prega?

Vamos desfazer esta “contradição”: na carta aos filipenses, Paulo não se alegra com os falsos evangelhos; ele se alegra com o VERDADEIRO EVANGELHO, mesmo que pregado por motivos de contenda, quem sabe por alguém que queria ser maior que o apóstolo, ganhar mais almas que ele, por mera contenda. Fazendo uma comparação, é como se dois pastores brigassem entre si, dividissem a Igreja, e a partir daí cada um buscasse formar um ministério maior que o outro, ganhar mais almas que o outro, PREGANDO O MESMO EVANGELHO, sem deturpações. Neste caso, o Evangelho realmente está sendo pregado, e Cristo está sendo realmente proclamado, embora por motivos mesquinhos.

Divisões e contendas existem, e a Bíblia relata que isto aconteceu até mesmo entre Paulo e Barnabé, a ponto de se apartarem um do outro (At 15:35-41), mas os dois homens de Deus não passaram a pregar dois evangelhos diferentes. As divisões e os divisores, as mesquinhezas e as contendas, o Senhor as julgará. O Evangelho do Reino, entretanto, não foi adulterado. Muito diferente dos “evangelhos espúrios” que estão sendo pregados Brasil afora, e que seus defensores tentam ― usando a Bíblia fora de seu contexto e de sua unidade, como sempre fazem! ― defender a qualquer custo...

Na carta aos filipenses, Paulo trata de dois ou mais pregadores, mas de UM ÚNICO EVANGELHO sendo pregado, e ele se alegra com isto. Já na carta aos gálatas, percebem-se claramente dois pregadores, e DOIS EVANGELHOS distintos, e Paulo NÃO SE ALEGRA com esta duplicidade, nem com este novo evangelho, apesar de Cristo estar sendo inegavelmente anunciado. O apóstolo levanta-se ferrenhamente contra este falso evangelho que surge na Galácia, questiona-o, desmoraliza-o e declara-o como anátema, não só ele, mas todo e qualquer evangelho diferente do que foi ensinado, assim como seus pregadores. Mesmo que ELE MESMO, Paulo, viesse a cair no mesmo erro algum dia, já deixa os crentes avisados de antemão: todo evangelho pregado que se contraponha ao Evangelho da Graça de Deus, SEJA ANÁTEMA.

O uso indevido deste texto me faz lembrar a tentação do Senhor Jesus pelo diabo no deserto, narrado em Mateus 4:1-11, quando o adversário também usou o texto bíblico ― fora de seu contexto e de sua unidade, exatamente como os defensores dos falsos “evangelhos” fazem! ― para tentar confundir o Senhor. A sua leitura do texto “Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos, e eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra” (Sl 91:11-12)  foi refutada pelo Mestre com outra porção da Escritura, “Não tentareis o Senhor, vosso Deus” (Dt 6:16), como prova de que as Escrituras não podem ser usadas a bel-prazer do homem, mas em sua plenitude, sempre considerando sua unidade doutrinária. Que tal, defensores dos “outros evangelhos”, seguir o exemplo do Senhor Jesus e observar o que diz a toda a Bíblia, e não somente um texto isolado e fora o contexto? Assim, permitam-me uma paráfrase do texto da tentação do Senhor, para que vos sirva de exemplo mais claro:

Então o diabo o transportou o crente à igreja, e colocou-o púlpito, e disse-lhe: Se tu és filho de Deus, prega um evangelho diferente; porque está escrito: ‘contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. Porque sei que disto me resultará salvação...’. Disse-lhe o crente: Também está escrito: ‘Se alguém vos anunciar outro evangelho, além do que já recebestes, seja anátema’“ (paráfrase do texto de Mt 4:5-7).

Desculpem-me a sinceridade, irmãos defensores dos “falsos evangelhos”: Jesus foi aprovado na tentação porque conhecia e manejava bem a Palavra; vocês são reprovados porque a desconhecem, recusam-se a conhecê-la, e o pouco que  conhecem usam conforme suas próprias conveniências e a manejam com o objetivo de apenas corroborar com vossos achismos e perversidades do coração!

Ao invés de “dar as mãos” a estes pregadores, concordarmos com suas deturpações e tentarmos justificá-las, é necessário que façamos como Paulo apóstolo: levantemo-nos contra os falsos evangelhos! Falando a Tito sobre pregadores deste naipe, ele chega a afirmar que "convém tapar-lhes a boca" (Tt 1:11). Estes evangelhozinhos medíocres que se espalham no meio do trigo como o joio pernicioso não têm compromisso com a Verdade do Evangelho trazido pelo Senhor e pregado pelos Seus apóstolos. Mesmo pregando Cristo, estes “evangelhos” afastam o homem do caminho de Cristo, levando-o por outros atalhos, ao ensinar-lhe doutrinas estranhas à Palavra de Deus. Por mais que estas falsas doutrinas se espalhem, cresçam e prosperem, nunca deixarão de ser falsos evangelhos, que mais afastam do que aproximam o pecador de Deus!

A pregação do Evangelho que interessa a Jesus, que promove verdadeiro crescimento do Reino de Deus e que alegra a Paulo não é qualquer um, mas é um só: o Evangelho do Reino, o genuíno, o centrado nas Escrituras, que está em pauta nos ensinamentos do Cristo. Paulo se alegra com a honra que lhe foi concedida de poder pregar este Evangelho, quando afirma: em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Não é qualquer “evangelho”. Paulo o nomeia: é ESTE EVANGELHO DA GRAÇA DE DEUS.

Quando Jesus falava acerca do fim das coisas, ele menciona que o fim só viria quando o genuíno Evangelho fosse pregado a todas as nações: “Nesse tempo, muitos serão escandalizados e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. E ESTE EVANGELHO DO REINO será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mt 24:10-14 – grifo meu). Mais uma vez, não é qualquer um evangelho! Não é o evangelho da graça barata; não é o evangelho da prosperidade; não é o evangelho da barganha com Deus, mas O EVANGELHO DO REINO.

Desta forma, fica fácil compreender as palavras do Mestre, quando disse: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi, abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7:21-23). Dentre estes que ficarão de fora, com certeza estarão muitos pregadores de “evangelhos”, e muitos defensores de tais pregadores e de tais “evangelhos”.

Que Deus nos dê a graça de estarmos entre os que não serão enganados, mas entre os que perseverarão na Palavra e no verdadeiro Evangelho do Reino, sem nos desviarmos nem para a esquerda e nem para a direita!